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Liudmila Ókuneva.
Brasil: as particularidades do projeto democrático.
Grandes temas da história política contemporânea do gigante latino-americano (os anos 60 do século XX–2006).
Moscou, Editora da Universidade MGIMO, 2008, 824 p.


No presente livro analisam-se as tendências e etapas mas importantes da história política contemporânea, da modernização política e da democratização do Brasil no vasto período – a partir dos anos 60 do século XX até 2006. No foco de atenção estão as particularidades da emergência e da evolução do projeto democrático, as peculiaridades do ponto de partida da democratização, da “abertura democrática” e da época de consolidação democrática no país-gigante latino-americano. Trata-se do processo de evolução e de renovação das instituições políticas, de consolidação da sociedade civil, de choque dos vários projetos da modernização – do projeto autoritário de direita ao projeto de centro-esquerda e esquerda. A experiência brasileira da modernização e democratização demonstrou os traços consideráveis da evolução pós-autoritária que se transformaram nas regularidades tipológicas de transição democrática dos países-gigantes; essas regularidades manifestaram-se com muita evidência nos outros países pós-autoritários, inclusive a Rússia. O regime democrático no Brasil fez um caminho complexo, as etapas do qual foram a renúncia da herança dos militares, as tentativas de resolver os problemas de modernização econômica e social com os métodos de “terapia de choque”, a renovação do desenvolvimento na base das receitas social-democráticas e enfim a aspiração da alternativa ao neoliberalismo e das transformações radicais. No âmbito desses problemas no livro analisam-se as particularidades da variante brasileira da “viragem para a esquerda” – fenômeno muito importante da realidade da América Latina de hoje.


A autora pesquisa os grandes temas do pensamento político brasileiro, os debates intelectuais sobre o caráter da democratização e da evolução pós-autoritária.


A parte importante do livro contém o estudo dos principais critérios da analise comparativa do Brasil e da Rússia como países-gigantes, sobretudo no contexto do ponto de partida da “abertura democrática”.


Colocando no centro da pesquisa o problema de evolução do projeto democrático, a autora examina as etapas gerais da história política do Brasil entre 1985 e 2006, analisa cinco campanhas presidenciais (de 1989, 1994, 1998, 2002, 2006), desenha os retratos políticos dos quatro presidentes brasileiros (Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva) e apresenta o balanço de seu governo (no caso de Luiz Inácio Lula da Silva trata-se de seu primeiro mandato 2003-2006).


Índice

 

Porque nos interessa tanto o Brasil e de que se trata neste livro (em vez da Introdução).


Primeira Parte. Nas vésperas da “abertura democrática”. As elites intelectuais do Brasil e seu papel nos processos de renovação política (os anos 60–o início dos anos 90 do século XX).


Capítulo I. O pensamento político do Brasil nos anos 60-80: da “teoria da dependência” às concepções de renovação democrática.


§ 1. A “teoria da dependência”. A visão dos problemas de desenvolvimento dos “países periféricos”. As buscas ideológicas e a ampliação do campo de pesquisa.
§ 2. O papel e o lugar das ciências sociais na sociedade brasileira: do regime militar às vésperas da “abertura democrática”.
§ 3. Rumo à democracia. as novas realidades na vida política – os novos temas na ciência política.


Capítulo II. No limiar da nova época (segunda metade dos anos 80 e o início dos anos 90 do século XX). Os problemas da modernização econômica, política e social e de democracia no pensamento político brasileiro.


§ 1. A modernização, o atraso e a imagem do “capitalismo periférico”: novas visões conceptuais.
§ 2. A ciência política e a prática política. A importância da experiência mundial da modernização econômica e política na interpretação dos cientistas políticos brasileiros.
§ 3. Os problemas de formação do modelo democrático na ciência política brasileira. O conceito de democracia. As particularidades da renovação democrática na sociedade pós-autoritária.


Segunda Parte. No ponto de partida da democratização (segunda metade dos anos 80 e o início dos anos 90 do século XX). O caráter contraditório do projeto democrático: o que evidenciou o caso brasileiro.


Capítulo III. “A terapia de choque” do presidente Fernando Collor (1990-1992).


§ 1. “Matar o tigre da inflação”.
§ 2. A etapa inicial das privatizações: a variante brasileira.


Capítulo IV. As dificuldades da modernização: a visão de dentro segundo os historiadores e sociólogos brasileiros.


§ 1. A evolução histórica do papel do Estado.
§ 2. A polarização social: o freio para a modernização ou seu traço imanente?
§ 3. Os empresários e a modernização.


Capítulo V. Será que as particularidades da sociedade civil, da cultura política e da consciência de massas dos brasileiros se converteram nos fatores de resistência à modernização?


§ 1. O debate em torno das formas do governo e as peculiaridades da formação dos partidos políticos no Brasil durante o período pós-autoritário.
§ 2. Alguns traços da cultura política e da consciência de massas da sociedade brasileira no decorrer da etapa de transição do autoritarismo à democracia.
§ 3. Modernização versus tradicionalismo: será que o tradicionalismo é um obstáculo para a modernização? As reflexões sobre os paradoxos do tradicionalismo.


Capítulo VI. O líder político da sociedade em transição e seu estilo. A ascensão e a degradação do presidente Fernando Collor.


§ 1. O caminho para o cimo da pirâmide política.
§ 2. O impeachment.
§ 3. As “contradições fascinantes” e essência populista da imagem de Collor.


Capítulo VII. O desenvolvimento pós-autoritário: entre o passado e o futuro.


§ 1. O fenômeno do desenvolvimento pós-autoritário e as regularidades da transição do autoritarismo à democracia: as lições da experiência brasileira.
§ 2. Os critérios da análise comparativa do Brasil e da Rússia.
§ 3. O começo das reformas na URSS: os debates no meio acadêmico brasileiro sobre a perestroïka, o capitalismo e o socialismo.


Terceira Parte. Do inicio da democratização à consolidação democrática: particularidades e contradições, paradoxos e êxitos do Brasil (primeira metade dos anos 90 do século XX–2006).


Capítulo VIII. “A era Cardoso”: uma nova etapa na transformação socioeconômica e política (1995-2002).


§ 1. O Brasil depois do impeachment de Collor. De Itamar Franco a Fernando Henrique Cardoso (outubro de 1992-1994). As eleições presidenciais de 1994.
§ 2. O presidente Fernando Henrique Cardoso: os conceitos acadêmicos do estadista e as visões políticas do pesquisador.
§ 3. “Os oito anos de FHC” (1995-2002): política das reformas.


Capítulo IX. A esquerda brasileira no poder: o balanço das reformas sociais da “época de Lula” (2003-2006).


§ 1. A vitória da esquerda na campanha presidencial de 2002.
§ 2. Presidente Lula, quem é o Sr.? Do “camarada Lula” ao “Senhor Presidente da República”. Os traços do retrato político do presidente brasileiro.
§ 3. “A esperança venceu o medo”. Lula entra na posse.
§ 4. O drama da esquerda no poder: o primeiro mandato presidencial de Lula (2003-2006). “Não temos direito de sofrer uma derrota”.
§ 5. O “novo-velho” presidente: velhos problemas e novas esperanças. A campanha presidencial de 2006.
§ 6. A experiência brasileira no quadro da “viragem à esquerda” na América Latina.


Conclusão.
Anexo. Os partidos políticos, os movimentos sociais e as organizações sindicais citados no livro.
Bibliografia.
Sumário e Índice em português.
Sommaire et Table des matières en français.
Summary and Contents in English.

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